Sustentabilidade

No Dia da Árvore e do Rio Tietê há muito pouco o que comemorar

Milhares de incêndios, muitos dos quais criminosos, destruíram extensa área de vegetação em todo o país; ações irresponsáveis estão matando o lendário Tietê

 

ANTÔNIO CRISPIM – ITAPURA

Neste sábado, 21 de setembro, comemora-se o Dia da Árvore e no domingo, 22, o Dia do Rio Tietê, além de marcar o início da primavera. No entanto, as datas devem servir mais para um alerta quanto à destruição das matas e do principal rio paulista. Extensas áreas foram devastadas pelo fogo acidental ou criminoso neste ano. Porém, outras áreas, também extensas, estão sendo devastadas em novas fronteiras agrícolas para aumentar a produção agropastoril. O custo está chegando com fenômenos severos, enchentes e longas estiagem. Isso não é por acaso.

De janeiro a agosto de 2024 os incêndios no Brasil já atingiram 11,39 milhões de hectares do território do país, segundo dados do Monitor do Fogo Mapbiomas, divulgados nesta quinta-feira (12). Desse total, 5,65 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo apenas no mês de agosto, o que equivale a 49% do total deste ano.

Nesses oito primeiros meses do ano, o fogo se alastrou principalmente em áreas de vegetação nativa, que representam 70% do que foi queimado. As áreas campestres foram as que os incêndios mais afetaram, representando 24,7% do total. Formações savânicas, florestais e campos alagados também foram fortemente atingidos, representando 17,9%, 16,4% e 9,5% respectivamente. Pastagens representaram 21,1% de toda a área atingida.

Para o período, os estados do Mato Grosso, Roraima e Pará foram os que mais atingidos, respondendo por mais da metade, 52%, da área alcançada pelo fogo. São três estados da Amazônia, bioma mais atingido até agosto de 2024. O fogo consumiu 5,4 milhões de hectares do bioma nesses oito meses.

O Pantanal, até agosto de 2024 queimou 1,22 milhão de hectares, um crescimento de 249% nas áreas alcançadas por incêndios, em comparação à média dos cinco anos anteriores. A Mata Atlântica teve 615 mil hectares atingidos pelo fogo, enquanto que na Caatinga os incêndios afetaram 51 mil hectares. Já os Pampas tiveram apenas 2,7 mil hectares no período de oito meses.

Os estados do Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul foram os mais atingidos em agosto. Chama a atenção o crescimento de 2.510% sobre a média de agosto de incêndios no estado de São Paulo, em relação a média dos últimos seis anos. Foram 370,4 mil hectares queimados este ano, 356 mil hectares a mais do que nos meses de agosto de anos anteriores.

“Grande parte dos incêndios observados em São Paulo tiveram início em áreas agrícolas, principalmente nas plantações de cana-de-açúcar, que foram as áreas mais afetadas do estado”, destaca a pesquisadora Natália Crusco.

RIO TIETÊ

O Rio Tietê é o mais importante curso d’água do Estado de São Paulo. Além de sua importância histórica, contribuindo para a colonização do interior por meio das infiltrações dos bandeirantes, o Tietê se mantém importante em diversas áreas.

De suas nascentes, em Salesópolis, até a sua foz, em Itapura, Na divisa com Mato Grosso do Sul, o Tietê percorre 1.136 quilômetros passando por 62 municípios paulistas.

O Tietê é importante para a geração de energia hidrelétrica por meio de várias usinas; produção açúcar, álcool e energia por abastecer várias usinas; contribui para a produção agrícola por meio da irrigação; abastece cidades, como Araçatuba; fomenta o turismo, com praias em várias cidades e barcos turísticos; é alternativa de transporte por meio da Hidrovia Tietê-Paraná, além de oferecer pesca para milhares de amantes da pescaria. Mesmo com essa importância estão matando o Rio Tietê. Em vários pontos o rio está tomado por vegetação aquática.

Há iniciativas para melhora o rio, como o IntegraTietê, programa do Governo de São Paulo, que retirou mais de 1,7 milhão de metros cúbicos de resíduos dos rios Tietê e Pinheiros – 121 mil caminhões cheios – desde o seu lançamento, em março do ano passado, até agosto deste ano. O trabalho de desassoreamento remove sujeira, sedimentos e outros materiais do fundo dos cursos d’água, melhorando as condições ambientais dos rios e auxiliando no combate a enchentes, já que amplia a capacidade de absorção das chuvas. Mas é preciso avançar em políticas de preservação dos rios.

PRIMAVERA

A estação da primavera 2024 começa oficialmente no Brasil no domingo, 22 de setembro, às 9h44 (hora de Brasília), e deve prevalecer o clima seco até meados de novembro, conforme Prognóstico da Primavera elaborado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Fundação Cearense de Meteorologia (FUNCEME).

As chuvas podem ficar acima da média, principalmente em pontos isolados, como Acre, Roraima, sudoeste do Amazonas (Região Norte); sudeste da Bahia (Região Nordeste); Rio Grande do Sul (Região Sul); e retorno gradual das chuvas nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Região Centro-Oeste).

No entanto, a qualidade e o volume de chuvas, durante a estação, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste e parte da Sul dependerão da umidade vinda da Amazônia.

Neste período da primavera, o INMET indica que o sul do Amazonas, que é uma das áreas onde se concentra os focos de incêndios naquele Estado, ainda vai sofrer com a seca e a incidência de queimadas e incêndios florestais até outubro.

Fenômeno La Niña

O fenômeno climático La Niña deve iniciar no Brasil já neste mês de setembro com 58% de chances no trimestre que vai até novembro.

Já no trimestre outubro-novembro-dezembro/2024, a probabilidade do início do fenômeno aumenta para 60%.

A primavera se encerra no Brasil em 21 de dezembro, às 6h20 (hora Brasília).

(Com informações da Agência Brasil, Governo de São Paulo e Inmet)

Praia de Itapura perde visitantes com os problemas do Tietê. – FOTO – ANTÔNIO CRISPIM
Para marcar o Dia da Árvore, uma das plantas símbolo do Brasil, o Ipe. FOTO – ANTÔNIO CRISPIM
O Ipê branco realçado pelo verde de outras árvores. Foto – DORA LIMA

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