Opinião

Coronéis dos tempos modernos

O coronelismo é um termo bem brasileiro, usado para determinar a estrutura de poder durante a República Velha, na qual o poder era exercido pelos coronéis (nada a ver com a patente militar), mas sim com o poder econômico, notadamente a oligarquia rural. Os coronéis raramente se candidatavam, mas influenciavam diretamente no resultado das eleições, nem sempre de modo convencional ou legal. Entre deter o poder e mandar em quem detém o poder, eles optavam pela segunda alternativa. Isso foi histórico no Brasil e muitas vezes este poder absoluto mudava de direção, passando por líderes religiosos ou empresariais.

 

Obsessão pelo poder

Por diferentes razões, alguns grupos lutam pela manutenção do poder. Não raro, instituições representativas de classe procuram emplacar candidatos. Nem sempre conseguem, mas quando tudo dá certo, procuram dar as cartas, sem aparecer. É o que se chama iminência parda. Em 1974, por exemplo, a classe empresarial apostou suas fichas em Carvalho Pinto para o Senado, por São Paulo, mas ele foi derrotado por Orestes Quércia, que surpreendeu pelo apoio recebido da população.

A história se repetiu

Doze anos depois, em 1986, a história se repetiu. O respeitado Antônio Ermírio de Moraes, apoiado por todos os “s” existentes e a nata do empresariado paulista, sucumbiu diante do popular Orestes Quércia, que se elegeu governador. Jamais Ermírio quis voltar à disputa. Na regão também há os seus casos interessantes. Em 1988, Orensy Rodrigues da Silva (embora vestido a caráter jamais gostou de ser chamado de coronel), ajudou na eleição de Mauro Brito para prefeito de Andradina. Chegou a indicar seu aliado Wilson Hirata para vice. No decorrer da gestão, o grupo de Orensy foi afastado do poder. Em 1992, o próprio Orensy foi candidato (o que não cogitada anteriormente) e derrotou o candidato de Mauro Brito e de seu grupo, o vereador Nilton Ribeiro Corrêa, o Niltinho. Em Araçatuba também teve algo semelhante. O deputado Jorge Maluly Netto sempre influenciou nas eleições da cidade, assim como de outros municípios. Porém, ao se sentir traído por antigos aliados, decidiu ser candidato e foi eleito em 2000, se reelegendo em 20034.

Foram exceções à regra

Os casos de Andradina e Araçatuba foram exceções à regra. Percebe-se que Maluly e Orensy foram candidatos muito mais para dar uma lição aos antigos aliados do que para efetivar um projeto político. Tanto que em determinadas ocasiões Maluly Netto não escondia que deveria ter continuado como deputado federal. Coisas da política.

Poder que emana das igrejas

Não é segredo para ninguém que muitos candidatos, especialmente para vereador, têm o apoio de igrejas, que depois cobram fidelidade aos seus princípios, como se os eleitos fossem vereador da igreja e não do município. Há casos também de apoio incondicional a candidatos a prefeitos. Igualmente são cobrados posteriormente.

Mudam os nomes, não o estilo

O estilo dos coronéis do passado permanece vivo até hoje, mas com outros nomes. No entanto, da mesma forma que os coronéis não se candidatavam e queriam mandar nos eleitos, hoje, os líderes não se candidatam, mas exercem o poder indireto. E com uma vantagem, não deixam suas assinaturas ou impressões digitais na administração (erros e acertos). Se tudo der certo, aparecem juntos para as comemorações. Se der errado, afastam-se do poder como os ratos fogem dos navios que estão naufragando. Por isso, os eleitos precisam ter sempre em mente que são suas assinaturas e seus CPFs que estão na administração e não de seus apoiadores ou conselheiros. Na administração pública, apenas boa vontade não é suficiente.

Novos nomes de secretários

Está previsto para a próxima sexta-feira o anúncio pelo prefeito eleito de Araçatuba, Lucas Zanatta, dos cinco nomes que faltam para compor o seu secretariado. A princípio, como havia anunciado na campanha eleitoral, Lucas vai reduzir de 19 para 14 secretarias. Mobilidade Urbana vai ser anexada à pasta da Segurança; Comunicação à Secretaria de Governo, Participação Cidadã à Assistência Social e, pastas de Desenvolvimento Agroindustrial e Turismo vão ser anexadas à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Relações do Trabalho.

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