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Sementinhas: brincadeiras e jogos são aliados do atendimento no CAPS Infantil de Araçatuba

Atualmente, a iniciativa atende cerca de 40 crianças, gratuitamente

DA REDAÇÃO – ARAÇATUBA

O pequeno Jean, de apenas 5 anos, não perde as atividades e atendimentos no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Infantil de Araçatuba. Por meio do projeto Sementinhas, realizado de forma gratuita, ele participa de brincadeiras e jogos lúdicos, que auxiliam no acompanhamento dos usuários da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial).

Após cinco meses de atendimento, sua mãe, a balconista Joyce Naiara, 32 anos, moradora no bairro Hilda Mandarino, já nota a diferença no comportamento do filho. Para ela, o projeto Sementinhas teve um papel importante na evolução de Jean.

Encaminhado pela médica devido ao comportamento agressivo e à dificuldade de lidar com frustrações, Jean passou a frequentar o CAPS Infantil no fim do ano passado. Desde então, além do acompanhamento psicológico, ele participa das Sementinhas, grupo de acompanhamento para crianças de 4 a 6 anos.

Segundo Joyce, o filho é mais calmo, brinca melhor e aprendeu a ceder e aceita quando perde em uma brincadeira. A mudança também foi notada na escola, onde a professora relatou melhorou significativamente o comportamento e até revelou o interesse do menino em participar de atividades como teatro e ajudar os colegas menores.

Expansão

A procura pelo projeto tem sido tão grande que a unidade precisau ampliar a oferta de encontros. Atualmente, cerca de 40 crianças participam dos grupos do Sementinhas, distribuídos em três turmas semanais – às terças, quartas e quintas-feiras. Cada grupo conta, em média, com até 15 crianças.

Responsável por uma das turmas, a educadora física Gislaine Garcia de Campos, explica que o acesso ao projeto ocorre por meio de acolhimento, após encaminhamento da escola, médico ou por iniciativa das famílias.

Limites

Durante a avaliação inicial, é definida a melhor forma de atendimento. As atividades do Sementinhas são centradas em brincadeiras que envolvem regras e limites, como bambolê, dança das cadeiras e cabra-cega. O objetivo é estimular a concentração, o progresso motor e, principalmente, o convívio social.

“Eles aprendem que não vão ganhar sempre, que precisam de respeito às regras e contar com o outro para brincar. E tudo isso é feito de forma lúdica, sem imposição direta, o que facilita a compreensão e a evolução deles”, destaca Gislaine.

Ela ressalta ainda que, muitas vezes, é durante as brincadeiras que as crianças expressam emoções e situações que não aparecem nas sessões de terapia. Esses sinais são transmitidos e repassados à equipe técnica, que se reúnem com frequência para discutir os casos e definir estratégias de atendimento individualizado.

Espaço seguro

Com o apoio da psicóloga, médica e outros profissionais do CAPS Infantil, as Sementinhas funcionam como uma extensão do cuidado em saúde mental, oferecendo um espaço seguro e afetivo para que as crianças desenvolvam habilidades socioemocionais desde cedo.

Para Gislaine, o maior desafio atualmente é retomar o hábito da brincadeira entre os pequenos. “Temos que voltar a brincar com as crianças. Muitas já não sabem mais como fazer isso. E é justamente na brincadeira que elas aprendem a viver em grupo, lidar com frustrações e construir vínculos”, afirma.

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