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No Dia da Matemática, especialista afirma: é preciso tirar a disciplina do pedestal e trazê-la para o cotidiano dos alunos

Mestre ressalta a importância de um ensino que traga a matemática para o cotidiano dos alunos. Incluir jogos, desenvolvimento de projetos multidisciplinares e incentivo esforço e erros são outros caminhos importantes; baixo desempenho aponta a necessidade de implementação de políticas externas para a recomposição das aprendizagens

DA REDAÇÃO – SÃO PAULO

Neste mês, é realizado o Dia Nacional da Matemática (6 de maio). A disciplina, muitas vezes vista como a vilã do currículo escolar, segue sendo um dos maiores desafios da educação brasileira: apenas 16,5% dos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental demonstram aprendizagem adequada, índice que cai para 5,2% no Ensino Médio, segundo relatório “Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia” do Todos Pela Educação. No cenário internacional, o Brasil ocupa a 65ª posição entre 81 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O baixo desempenho histórico na disciplina aponta a necessidade de políticas e práticas externas à recomposição das aprendizagens. Para Jair Bueno, mestre em matemática e consultor acadêmico do Grupo Eureka, organização que desenvolve e implementa soluções educacionais em parceria com redes públicas de ensino, aproximar a abordagem pedagógica da realidade dos estudantes é essencial para despertar o interesse e melhorar a compreensão dos conteúdos. Ele também recomenda o uso de jogos de tabuleiro, projetos multidisciplinares e a valorização da tentativa e erro como estratégias efetivas em sala de aula.

“É preciso tirar a matemática do pedestal e aproximar-se do cotidiano dos estudantes. Uma aluna que gostava de moda aprendeu análise combinatória com exemplos do vestuário. Com quem gosta de futebol, uso estatísticas do jogo” , explica Jair, autor de uma pesquisa de mestrado sobre o uso do xadrez no ensino da disciplina. O jogo, segundo ele, estimula habilidades como raciocínio lógico, planejamento e tomada de decisão.

Segundo o professor, é fundamental ainda criar um ambiente em que o erro seja visto como parte do processo de aprendizagem. Ele cita como exemplo o Japão, onde práticas pedagógicas valorizam o raciocínio dos estudantes mesmo quando erram, estimulando a reflexão e a autonomia. “É importante dizer que não existe pergunta idiota. Idiota é não perguntar”, reforça Jair, que ministrou aulas para a iniciativa “Segunda Chance”, do estado do Rio de Janeiro, voltada para estudantes em defasagem escolar.

Dar significado à matemática e valorizar o processo de tentativa e erro também são princípios defendidos por Jo Boaler, pesquisadora da Universidade de Stanford. Segundo ela, todos os estudantes são capazes de aprender matemática quando são incentivados a explorar diferentes formas de pensamento. No entanto, muitas escolas ainda priorizam a memorização de fórmulas, em vez de estimular a construção de habilidades e o pensamento crítico.

Metas em matemática

Em março deste ano, o Ministério da Educação (MEC) abriu uma consulta pública direcionada aos professores de matemática para coletar ideias e práticas para o ensino da disciplina. O objetivo é lançar o programa Compromisso Nacional Toda Matemática, que tem como meta tornar o ensino da disciplina uma prioridade nacional.

 

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