Conclave 2025 enfrenta desafio entre o conservadorismo e o liberalismo
O falecimento do Papa Francisco em 21 de abril de 2025 deu início a um dos momentos mais solenes da Igreja Católica: a escolha de seu novo líder. O conclave, reúne 135 cardeais candidatos de 71 países, evidenciando a diversidade geográfica e cultural da Igreja e refletindo as mudanças promovidas pelo pontificado de Francisco
DA REDAÇÃO – JUNDIAÍ

O processo de escolha de um novo papa segue um ritual tradicional e minucioso. “O primeiro passo é a verificação oficial da morte do papa pelo camerlengo, que também tem a responsabilidade simbólica de destruir o anel do pescador, sinalizando o fim de seu pontificado”, explica o professor André Luis Vedovato Amato, especialista em Direito Internacional e docente da ESAMC Jundiaí. Em seguida, o corpo do papa é velado por três dias para que os fiéis possam prestar suas homenagens. Depois do funeral, acontece o período de luto oficial chamado Novemdiales, com missas diárias pela alma do pontífice.
Durante esse intervalo, o Colégio dos Cardeais se reúne em congregações gerais, debatendo os desafios da Igreja e organizando os detalhes do conclave. A votação deve começar entre 15 e 20 dias após a morte do papa. “Somente os cardeais com menos de 80 anos participam da eleição, que ocorre na Capela Sistina, em absoluto sigilo. Antes de começarem a votar, eles assistem à Missa ‘Pro Eligendo Pontifice’ e fazem um juramento solene de sigilo absoluto sobretudo o que ocorre ali dentro”, detalha Amato.
O atual Colégio de Cardeais é composto por representantes de todos os continentes. A Itália liderou o número de concorrentes (17), seguida pelos Estados Unidos (10) e pelo Brasil (7). Essa diversidade influencia diretamente o processo de eleição. “A internacionalização do Colégio traz uma variedade de perspectivas, refletindo as prioridades e preocupações de diferentes regiões do mundo”, observa o professor da ESAMC.
O pontificado de Francisco foi marcado por reformas importantes: a promoção da sinodalidade, a abertura para temas sociais e o reforço da misericórdia como valor central. “Essas mudanças não apenas reformularam o perfil do Colégio de Cardeais, com 80% dos representantes nomeados por Francisco, como também moldam o tipo de liderança que a Igreja poderá escolher agora”, avalia Amato.
Durante o conclave, as votações são secretas e podem acontecer até quatro vezes por dia. Para eleger um novo papa, é necessário alcançar dois terços dos votos dos cardeais presentes. Se após várias rodadas não houver consenso, as regras podem ser ajustadas para facilitar a eleição. A tradicional fumaça da chaminé da Capela Sistina informa o resultado ao mundo: preta significa que não houve eleição; branca, que um novo papai foi escolhido.
Entre os nomes citados pela mídia como possíveis sucessores estão:
Pietro Parolin (Itália): Secretário de Estado do Vaticano, conhecido por sua habilidade diplomática e postura moderada.
Matteo Zuppi (Itália): Arcebispo de Bolonha, com forte atuação em questões sociais e diálogo inter-religioso.
Luis Antonio Tagle (Filipinas): Próximo a Francisco, com experiência em temas sociais e evangelização na Ásia.
Peter Turkson (Gana) : Focado em justiça social e desenvolvimento sustentável, representando a África.
Apesar das especulações, o resultado permanece imprevisível. “Existe um velho ditado italiano que diz: ‘Quem entra papa, sai cardeal’, o que reforça como o resultado de um conclave é incerto, pois nele se confrontam diferentes visões teológicas e administrativas”, destaca Amato.
Após a escolha, o cardeal eleito é questionado se aceita a carga e, em caso afirmativo, escolhe um nome papal. O novo papa é então apresentado ao mundo pelo anúncio “Habemus Papam” e concede sua primeira vitória “Urbi et Orbi” da sacada da Basílica de São Pedro, em Roma, marcando o início oficial de seu pontificado.
O Conclave de 2025 representa não apenas a continuidade da tradição católica, mas também um momento de profunda reflexão sobre os rumores da Igreja em um mundo em constante transformação. “A escolha do próximo papa indicará se a Igreja continuará o legado de Francisco ou se buscará uma nova orientação diante dos desafios contemporâneos”, conclui o professor André Luis Vedovato Amato.
No primeiro dia de conclave, não houve eleição. Foi fumaça preta.