Mãe e filha na Oncologia: médicas parceiras na carreira na luta contra o câncer
As oncologistas Clarissa Mathias e Maria Cecília Mathias, além do amor pela profissão, compartilham o compromisso com o cuidado ao paciente em Salvador, onde atendem juntas na Oncoclínicas
DA REDAÇÃO – SALVADOR
Em um campo de trabalho como a Oncologia, onde ciência e cuidado humanizado caminham juntos, a Oncoclínicas na Bahia se destaca com uma história de carreira compartilhada entre mãe e filha. A oncologista Maria Cecília Mathias, conhecida como Cissa, de 33 anos, acelerou os passos de sua mãe, também especialista na área, Clarissa Mathias, referência mundial no combate ao câncer de pulmão e membro titular da Academia de Medicina da Bahia. Essa dupla de médicas divide a paixão pela especialidade e uma dinâmica de trabalho única.
A médica baiana Clarissa Mathias é a primeira mulher brasileira a ocupar uma diretoria da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO). Atualmente, é líder do Cancer Center Santa Izabel e Oncoclínicas, pesquisadora do Instituto Oncoclínicas e um dos principais nomes mundiais na pesquisa e desenvolvimento de ações externas ao controle do câncer de pulmão. Além disso, é mãe de três filhos e todos escolheram a medicina.
Inspirada por sua mãe, Cissa também se dedicou à oncologia, construindo uma carreira na área. Especialista em oncologia gastrointestinal e investimentos, ela compartilha a profissão com a mãe e a rotina de trabalho que, embora inicialmente cercada de expectativas e receitas, revelou-se rica em aprendizados e cumplicidade. “Trabalhar com Maria Cecília é um presente e vê-la trilhar seu próprio caminho, mais ainda”, afirma Clarissa Mathias.
Os primeiros passos para o legado de Clarissa
A convivência com a oncologia começou cedo para Cissa. Desde os 12 ou 13 anos, ela tem lembranças de estar no fundo de reuniões e congressos com a mãe, o que gerou uma familiaridade precoce com a área. Apesar de ter explorado outras especialidades durante a faculdade, incluindo cirurgia e terapia intensiva (área de seu pai), a especialidade a cativou por gostar da parte molecular, da biologia e da rapidez com que as coisas evoluem.
“Parecia o caminho óbvio, por ser filha da Dra. Clarissa, uma profissional tão respeitada. E com isso veio um peso”, compartilha Cissa. No entanto, pude transformar esse diferencial em uma oportunidade de facilitar a troca de ideias, aproveitando o acesso a contatos e grandes nomes da oncologia.
Essa atuação levou ainda a cofundar o comitê de jovens oncologistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), que criou o projeto “Encontro Oncológico”. Desde 2021, a iniciativa conecta residentes e oncologistas iniciantes jovens com profissionais sêniores em eventos anualmente, encurtando distâncias e fomentando discussões sobre carreira e experiências. A influência da Dra. Clarissa, mais do que o conhecimento técnico, Cissa aprendeu com a mãe lições fundamentais sobre a profissão.
O amor pelos pacientes, a forma de tratar, tocar, examinar e o carinho demonstrado foram influências marcantes. A médica destaca a dedicação incessante da mãe que veste a camisa, ensinando a priorizar o atendimento humanizado. Essa filosofia moldou a visão de Cissa sobre o papel do oncologista: o de um “condutor” que torna essa jornada o paciente mais tranquilo, qualquer que seja o estágio final.
Cissa sente o desafio de dar continuidade a um legado da família, confirmando que é um “sapato muito grande para calçar”, pois sua mãe é uma força da natureza. Ao olhar para o futuro da oncologia, ela enfatiza a necessidade de profissionais cada vez mais preparados para oferecer tratamento e, principalmente, acolhimento, para transformar a jornada do paciente.
Para outras filhas que compartilham seguir a profissão de suas mães, Cissa deixa uma mensagem: “Vai sem medo, mas demonstrou-se de que faz sentido para você. Sua mãe pode ser uma inspiração, mas você tem que ter vocação. Ela enfatiza que, possa levar tempo, você irá criar sua própria individualidade. “É importante não negar a origem, usar o apoio e as oportunidades como aprendizado e fazer por onde, para que ninguém diga que você só está embora onde está por ser filha de alguém importante”, finaliza a médica.