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Governo anterior sabia dos problemas da Pompeu, mas riscos foram ignorados

Obra que custou o dobro do valor previsto inicialmente vai completar seis meses com trecho interditado; Prefeitura paga, mas o povo não usa

ANTÔNIO CRISPIM – ARAÇATUBA

As obras de canalização do Córrego Machadinho e a construção da Avenida Joaquim Pompeu de Toledo entre as ruas Tupinambás e Anhanguera foram iniciadas em abril de 2019, com custo estimado em pouco mais de R$11 milhões. Porém, foram concluídas apenas em 2023 e a um custo da ordem de R$23milhões. Ainda mais grave, que desde o dia 17 de janeiro deste ano, trecho da avenida no sentido bairro-centro está interditado. Ou seja, o município paga, mas o povo não está usando. Desde o início de abril fala-se em acordo com a GS Inima Samar para obras de reparo. Até agora a obra não começou. Documentos aos quais a reportagem do portal Nossa Cidade (nossacidade.online) teve acesso e entrevista do ex-secretário de Planejamento Urbano, Tadeu Consoni deixam claro que o governo anterior, de Dilador Borges Damasceno, sabia dos riscos, mas os ignorou,

Na semana passada o Observatório Social do Brasil, escritório de Araçatuba, encaminhou a todos os vereadores, por e-mail, documentos sobre a Pompeu de Toledo. Neste domingo, um vereador encaminhou cópia dos documentos à reportagem. Nos documentos é possível verificar que em abril de 2023 já havia informações sobre as possíveis causas dos problemas estruturais, como o surgimento de rachaduras e buracos. Isso ficou evidente também em entrevista concedida por Tadeu Consoni no dia 19 de dezembro de 2024. Ele foi taxativo ao dizer que tinha informado à Samar e ao então prefeito Dilador Borges Damasceno sobre a origem dos problemas. Sobre o papel da Agência Reguladora Daea, ele fez apenas sinal e não comentou,

No dia 19 de dezembro, Tadeu Consoni disse que era preciso isolar uma tubulação de concreto, que, segundo ele, é trabalho rápido e alertou que se não fizessem, o problema poderia surgir. Foi exatamente o que ocorreu em janeiro a roda de um caminhão caiu no buraco e o prefeito Lucas Zanatta decidiu pela interdição do brechó sob risco de novos problemas.

O principal documento encaminhado pelo Observatório Social aos vereadores é um relatório assinado pela Infra Engenharia e Consultoria, empresa que prestava serviços à Agência Reguladora Daea na área de fiscalização. 

Confirmou-se que o emissário antigo de tubos de concreto ф 600 mm, está bastante deteriorado em certos pontos, possibilitando infiltrações no solo adjacente. Confirmaram-se deficiências em poços de visita, com fraturas possibilitando infiltrações no solo adjacente”, informou o relatório da empresa, que fez estudos a pedido da Agência Daea. Os estudos foram feitos no dia 30 de março de 2023 pelos engenheiros Aluizio de Barros Fagundes e Julio Fagundes Neves (Infra) e estavam presentes o professor Marcio Saito e o engenheiro Carlos A. Pantarotto (AGRF) e os engenheiros Jaime Scatena e Wilber Sakimoto (SAMAR/GS Inima).

“Relatou-se ainda que foi novamente televisado o interior da antiga tubulação de esgoto de concreto, não denunciando nenhuma fratura adicional. É opinião do Consultor da SAMAR/GS Inima, Eng. Jaime Scatena, que não haverá necessidade de ser feita sua substituição por tubos novos. Os tubos, poços de visita e bocas de lobo estão sendo consertados. A nova camada de rachão, associada com a da base do

canal, funcionará como dreno. Em reunião posterior, no escritório da SAMAR, o Comissário Geral da AGRF, com anuência da INFRA, concordou com a não remoção do emissário antigo, esclarecendo, no entanto, que o risco de novas avarias continuaria sob a exclusiva responsabilidade da concessionária”, diz o relatório do dia 4 de abril de 2023 e assinado pelos engenheiros da Infra. Como está muito claro no texto, a Agência Reguladora Daea sabia dos riscos, assim como aos representantes da concessionária.

Com algumas diferenças, foi o mesmo que relatou Tadeu Consoni na entrevista do dia 19 de dezembro de 2024 e que teria elaborado um relatório para informar a concessionária. 

Mesmo com todos os indícios de  problemas e os riscos existentes, tudo foi ignorado. Resultou no surgimento de novos buracos e na interdição de extenso trecho da avenida e em prejuízo para a população.

 

DENÚNCIAS

O Observatório Social do Brasil  chegou a fazer representação junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo, mas o profissional que analisou a questão entendeu não haver irregularidades no processo e a representação foi arquivada. Denúncias foram feitas também ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

 

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