Gravação revela suposto esquema de suborno e pressiona CPMI do INSS por apuração rigorosa
Áudio de quase 40 minutos mostra advogado sugerindo negociação de silêncio em troca de valores milionários
DA REDAÇÃO – BRASÍLIA
Um levantamento divulgado pelo Poder360 revelou uma gravação de 39 minutos e 42 segundos em que o advogado Eli Cohen, figura central nas investigações da CPMI do INSS, aparece sugerindo um suposto esquema de suborno para silenciar investigações sobre Márcio Alaor, conhecido como o “papa dos consignados”.
No áudio, Cohen fala em “vender silêncio” e cita negociações com valores que poderiam chegar a R$ 7 milhões. Em um dos trechos, ele afirma:
“Se você quer tomar uma grana do Alaor, tem que ser hoje… amanhã eu vou estar falando e depois que eu falar não tem volta.”
A conversa inclui interlocutores identificados como Rogério e o policial aposentado Mauro Baccan, que discutem detalhes financeiros e supostos acertos de divisão de valores, mencionando inclusive “sobra de 100 mil para cada”.
Segundo o levantamento, a perícia realizada no áudio não identificou cortes ou manipulações, conferindo autenticidade ao material.
Durante depoimento anterior à CPMI, Eli Cohen já havia mencionado o nome de Alaor em diversas ocasiões, indicando que o silêncio em torno do caso seria parte ativa de um esquema de influência e favorecimento dentro do INSS.
A defesa de Cohen alega que o conteúdo foi tirado de contexto e que as conversas se tratavam apenas de “negociações instrutivas”, sem configuração de crime.
Reação política e novas medidas
O Partido dos Trabalhadores (PT) solicitou que Eli Cohen, Rogério e Mauro Baccan sejam imediatamente convocados para prestar novos esclarecimentos sob juramento. Também pediu que a perícia do áudio seja anexada ao relatório final da comissão e que sejam instauradas investigações criminais paralelas para apurar responsabilidades.
Líderes do partido afirmam que o caso evidencia redes de influência antigas, formadas em gestões anteriores, que teriam permitido a continuidade de práticas irregulares dentro do sistema de consignados.
“O relatório da CPMI precisa identificar e desmontar essas estruturas históricas de poder que sustentaram esquemas de corrupção por tantos anos”, reforçou um dos parlamentares.
