Despotismo inconsequente
O despotismo é uma forma de governo na qual todo o poder se concentra em um único governante, que controla de forma isolada aqueles que estão sob seu domínio. Centralizar o poder é uma tendência de muitos governantes em diferentes níveis de governo, como municipal, estadual e federal. Há inúmeros exemplos de déspotas na região, que governavam sob imposição de seus conceitos, sem ouvir nem mesmo seus aliados. E, principalmente, castigando impiedosamente quem se atravesse a contrarias suas determinações. Sob a força de um déspota caipira (e não vai nenhum demérito pelo termo caipira), vereadores foram penalizados com perdas de cargos. Da mesma forma, um empresário com décadas de serviços prestados ao município, foi ameaçado e penalizado. É assim que agem os déspotas.
Um exemplo de governo descentralizador foi o professor André Franco Montoro, que governou São Paulo de 1983 a 1987. Montoro, um democrata e municipalista convicto, tolerou com paciência e respeito manifestação de professores grevistas. Da mesma forma, descentralizou a merenda escolar e deu início ao processo de municipalização da educação. Criou a Secretaria Extraordinária de Descentralização e Participação, que teve como titular o italiano Franco Baruselli, que fez toda a sua trajetória política residindo em Araçatuba. No entanto, Montoro foi uma ilha em meio a governantes com princípios despóticos.
O atual governo de Araçatuba não foge à regra. O gerente da Associação Comercial e Industrial de Araçatuba, Osney Ferracoli, em pleno exercício de seu trabalho, foi impedido pela administração de participar de uma reunião com o prefeito Dilador Borges Damasceno. Este mesmo governo, contando com uma bancada submissa, aprovou na Câmara o projeto de lei promovendo mudança na composição do conselho da Fundação Educacional de Araçatuba. Com isso, assumiu o controle da instituição.
Da mesma forma, articulou para mudar a diretoria Santa Casa de Araçatuba. A ex-diretoria, que tinha como uma das integrantes a vice-prefeita eleita Maia Ionice Zucon, foi afastada em um processo bastante conturbado. Petrônio Pereira Lima assumiu a provedoria. Petrônio é aliado do prefeito Dilador Borges Damasceno (foi secretário do Meio Ambiente e é comissário da Agência Reguladora Daea).
Agora, a Santa Casa passa por uma das maiores crises de sua história e há risco de pedirem a sua falência. A politização de sua diretoria, com a eleição de um aliado do prefeito, pensava-se ser a saída para os problemas existentes. Porém, aconteceu exatamente o contrário e os problemas aumentaram e se agravaram.
A centralização do poder é sempre danosa. É preciso descentralizar para governar com foco em seus objetivos. Sem isso, tudo desmorona.