Dia Mundial de Combate à Meningite alerta para aumento de casos no Brasil e reforça importância da vacinação
Em 2025, país já registrou mais de 130 mortes por meningite meningocócica; vacinação é a principal forma de prevenção
DA REDAÇÃO – SÃO PAULO
O Dia Mundial de Combate à Meningite, lembrado em 5 de outubro, chama a atenção neste ano para o aumento de casos da doença meningocócica no Brasil e para a importância da imunização como forma mais eficaz de prevenção.
De acordo com o painel epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2023 e 2024 foram registrados 1.551 casos da doença, com 333 óbitos. Em 2025, até setembro, já são 696 casos e 131 mortes, uma média de 79 casos por mês, número que representa aceleração nas notificações em relação ao último ano.
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, fungos ou bactérias. As formas bacterianas são as mais graves, especialmente a meningite meningocócica, provocada pela bactéria Neisseria meningitidis (ou meningococo), que apresenta rápida evolução e alta letalidade.
“Um dos grandes desafios da meningite meningocócica é o diagnóstico precoce. Os primeiros sintomas — febre, dor de cabeça, irritabilidade e náusea — são facilmente confundidos com outras infecções comuns, como a gripe. Quando surgem manchas roxas na pele, rigidez na nuca ou sensibilidade à luz, o quadro já pode estar avançado”, explica Ana Medina, farmacêutica, imunologista e gerente médica de vacinas da GSK.
A taxa de letalidade da doença é 10% no mundo, mas chegou a 22% no Brasil em 2024. Entre os sobreviventes, 10% a 20% podem apresentar sequelas permanentes, como amputações, perda auditiva e comprometimento neurológico.
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa por gotículas e secreções respiratórias, em situações cotidianas como tosse, espirros, beijos ou compartilhamento de objetos.
Grupos mais vulneráveis
Todos podem contrair a doença, mas bebês menores de um ano são os mais afetados. Adolescentes e jovens adultos também estão em risco — até 23% deles podem ser portadores assintomáticos, transmitindo a bactéria mesmo sem apresentar sintomas.
Vacinação: a principal forma de proteção
A vacinação é a medida mais eficaz contra a meningite meningocócica. Há 13 sorogrupos conhecidos, e as vacinas disponíveis atualmente protegem contra os principais: A, B, C, W e Y.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece gratuitamente vacinas contra quatro deles — A, C, W e Y. As aplicações seguem o seguinte esquema:
-
Meningocócica C: para crianças aos 3 e 5 meses;
-
Meningocócica ACWY: reforço aos 12 meses e dose única ou de reforço para adolescentes de 11 a 14 anos.
Na rede privada, estão disponíveis também vacinas que protegem contra o sorogrupo B, atualmente o mais frequente no país. Sociedades médicas recomendam a aplicação combinada das vacinas meningocócicas B e ACWY aos 3, 5 e 12 meses, e duas doses para adolescentes não vacinados.
Além disso, há vacinas contra outras formas de meningite bacteriana, como a pneumocócica, a causada pelo Haemophilus influenzae tipo b e a tuberculosa, disponíveis tanto na rede pública quanto na privada.
Prevenção cotidiana
Além da vacinação, hábitos simples ajudam a reduzir o risco de transmissão:
-
Lavar as mãos com frequência;
-
Cobrir a boca ao tossir ou espirrar;
-
Evitar compartilhar objetos pessoais;
-
Manter os ambientes ventilados;
-
Evitar aglomerações sempre que possível.
A data reforça o alerta de que, apesar de prevenível, a meningite meningocócica ainda representa uma ameaça grave à saúde pública, especialmente entre crianças e adolescentes.
FOTO – FÁBIO NUNES TEIXEIRA
