Ela auxiliava pessoas demitidas e hoje é CEO da maior consultoria de RH do país
Renata Freires criou a RHF Talentos, que completa 20 anos e mira 300 unidades em 2025; rede acaba de inaugurar primeira franquia no exterior
DA REDAÇÃO – CURITIBA
Renata Freires tinha apenas 19 anos quando começou a empreender e decidiu criar uma empresa de outplacement – serviço de realocação profissional para colaboradores demitidos. A ideia surgiu quando ela auxiliava o ex-marido na venda de disquetes que ensinavam pessoas a trabalhar de casa.
“Foi quando um dos colaboradores sugeriu que criássemos algo voltado para pessoas que acabaram de perder o emprego e buscavam realocação. Então fizemos um material ensinando as bases dos recursos humanos e passamos a entender melhor sobre este mercado. Durante esse período eu comecei a estudar administração, e fiz da empresa a minha escola”, conta Freires.
Infelizmente, após dez anos, o negócio começou a desandar e chegou ao fim. Foi quando decidiu dar o próximo passo. Foi assim que, em 2005, ela e o seu então sócio iniciaram um outro projeto em São Paulo, com o objetivo de ajudar quem sonha em empreender, mas tem medo de começar. É nesse contexto que surgiu a RHF Talentos, maior e mais antiga franquia de consultoria de RH do país.
Nascida em Curitiba, a empreendedora voltou à cidade natal um ano depois e levou a marca consigo, dando início ao processo de expansão via franchising. Em 2007, venderam a primeira unidade, mas, antes mesmo da inauguração, devido a investimentos mal sucedidos, quebraram em menos de seis meses. Decidiram então estudar melhor o mercado e se filiaram à Associação Brasileira de Franchising (ABF). Dessa forma, inovaram e criaram um modelo home-office da franquia, algo impensável na época.
“Implementar o modelo de home-office foi um verdadeiro desafio na época. A proposta da RHF sempre foi trabalhar de forma online. Mas era um ponto totalmente distante da realidade que vemos hoje, nos quais muitos negócios adotam esse modelo e dispensam funcionários. Foi algo positivo, quase que pioneiro, que somente veio à tona em outras marcas a partir da pandemia”, enfatiza.
Atualmente, a marca apresenta soluções personalizadas para empresas e candidatos, com foco em atendimento humanizado. Para organizações, atua com recrutamento, seleção, gestão de pessoas, treinamentos e o programa SerMente, voltado à saúde mental. Já para os colaboradores, disponibiliza o RHF Carreiras, com foco em recolocação e preparação para o mercado.
Uma nova fase – mulheres à frente
Mesmo com os lucros obtidos pelo modelo de franquias, a empresa enfrentou uma nova crise em 2021 com o rompimento da sociedade entre Renata e seu sócio por visões diferentes sobre crescimento. Ela decidiu então comprar a parte dele e convidou uma de suas colaboradoras, a psicóloga Elis Almeida, para formar uma nova gestão. Apesar do cenário desfavorável, a dupla promoveu mudanças internas e reconectou-se com os franqueados, reforçando o alinhamento e a cultura da empresa.
Sob a nova liderança feminina, a RHF passou a adotar decisões mais empáticas, inclusivas e focadas em bem-estar – “Estrategicamente, essa representatividade influencia na forma como enxergamos o crescimento do negócio. Nossas lideranças têm um olhar inclusivo e inovador, buscando sempre tomar decisões que valorizem pessoas e promovam um impacto positivo para a empresa não só financeiramente, mas também de bem-estar, e para a sociedade”, avalia.
O resultado das mudanças foi um aumento de engajamento dos franqueados de 40% para 80%, além de um crescimento nas franquias comercializadas, o que contribuiu para que se tornassem a maior consultoria de RH do país. Em 2024, a empresa terminou o ano com 225 unidades e inaugurou outras 25 nos primeiros três meses deste ano. A meta agora é ultrapassar a marca de 300 pontos vendidos.
Um outro fruto da mudança foi o aumento de currículos cadastrados, contando com quase 60 milhões de candidatos em seu banco de dados, além da presença em 22 estados brasileiros. A empresa alcançou faturamento de R$ 18 milhões no ano passado – e tem como alvo faturar mais de R$ 25 milhões este ano.
Internacionalização e fundação RHF
Com o patamar atual, a marca tem como plano direcionar o voo para o exterior. O destino escolhido para o projeto-piloto é a Irlanda, isso porque uma das franqueadas reside no país e, dessa forma, “já possui o conhecimento de mercado e cultura do local”, como explica Renata. Ela também afirma que há outros países sendo mapeados.
– As expectativas [da internacionalização] são enormes, porque acreditamos muito que é um trabalho que abrirá portas para atendermos outras grandes empresas, ajudarmos candidatos nessas transições e fortalecermos a marca dentro e fora do país. Portugal, Nova Zelândia e Angola são alguns locais que também estão sendo estudados – diz a empreendedora.
A empresa tem também o objetivo de criar a Fundação RHF, projeto para ir além da assistência momentânea. A meta, segundo Freires, é oferecer oportunidades para quem busca recomeçar no mercado de trabalho, auxiliando ainda mais na recolocação profissional e oferecendo suporte para que mais pessoas construam suas próprias histórias com dignidade e autonomia.